quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Concreto auto-adensável - características e aplicação


Por Wellington L. Repette


Pergunte-se: não seria interessante um concreto que, uma vez lançado, se movesse por conta própria e preenchesse, sem necessitar de nenhuma intervenção, os espaços da fôrma? Pois o concreto auto-adensável tem essa capacidade. Além de não necessitar ser adensado com vibrador, não segrega e não aprisiona ar em excesso.

Como resultado, sua aplicação é rápida, requer menos mão-de-obra, e não deixa ninhos de concretagem. Por essas e outras razões, o CAA é cada vez mais empregado como material de construção, tanto nos setores de pré-moldados e pré-fabricados, como para as aplicações de concreto no local.

Neste artigo, descrevem-se as características do concreto auto-adensável, com ênfase nas propriedades no estado fresco e em sua composição. Um exemplo de aplicação em obra de edifício convencional é apresentado e analisado.





Jemylee Sá:

sábado, 20 de dezembro de 2008

As causas de fissuras

As alvenarias, em função sobretudo da natureza dos seus componentes (materiais pétreos), apresentam bom comportamento às solicitações de compressão, o mesmo não ocorrendo em relação às solicitações de tração, flexão e cisalhamento. As tensões de tração e de cisalhamento, portanto, são as responsáveis pela quase totalidade dos casos de fissuração das alvenarias, sejam elas estruturais ou não.

Outro fator que influi na fissuração é a heterogeneidade, resultante da utilização conjugada de materiais diferentes (componentes de alvenaria e argamassa de assentamento), com propriedades diferenciadas (resistência mecânica, módulo de deformação longitudinal, coeficiente de Poisson etc.). Além das propriedades referidas, influenciam o comportamento mecânico das paredes diversos outros fatores, tais como:


? geometria, rugosidade superficial e porosidade do componente de alvenaria;

? índice de retração, poder de aderência e poder de retenção de água da argamassa de assentamento;
? esbeltez, eventual presença de armaduras (alvenarias armadas e parcialmente armadas), número e disposição das paredes contraventantes;
? amarrações, cintamentos, disposição e tamanho dos vãos de portas e janelas;
? enfraquecimentos provocados pelo embutimento de tubulações, rigidez dos elementos de fundação, geometria do edifício etc.

2. Fissuras causadas por movimentações higrotérmicas


Os elementos e componentes de uma construção estão sujeitos a variações de temperatura, sazonais e diárias, que repercutem em variações dimensionais dos materiais de construção (dilatação ou contração); os movimentos de dilatação e contração são restringidos pelos diversos vínculos que envolvem os elementos e componentes, desenvolvendo-se nos materiais, por este motivo, tensões que poderão provocar o aparecimento de fissuras.


As movimentações térmicas de um material estão relacionadas com as suas propriedades físicas e com a intensidade da variação da temperatura; a magnitude das tensões desenvolvidas é função da intensidade da movimentação, do grau de restrição imposta pelos vínculos a esta movimentação e das propriedades elásticas do material.


As fissuras de origem térmica podem também surgir por movimentações diferenciadas entre elementos de um componente, entre componentes de um sistema e entre regiões distintas de um mesmo material (Figura 1).


No caso das movimentações térmicas diferenciadas é importante considerar não só a amplitude da movimentação como também a rapidez com que ocorre. Se a movimentação for gradual e lenta, os materiais terão maior facilidade em assimilá-la. As temperaturas de serviço dos materiais serão influenciadas pela localização geográfica da obra (latitude e longitude), zona climática etc. Em função da posição e da cor do componente, pode ser verificada a temperatura de serviço desses componentes (Tabela 1).


De acordo com Latta, a temperatura superficial da face externa de lajes e de paredes, expressa em graus Farenheit, pode ser estimada em função da temperatura do ar (tA) e do coeficiente de absorção solar (a), de acordo com seguinte formulação indicada na Tabela 2.


Quanto ao coeficiente de absorção solar, Latta sugere:


Materiais não metálicos
superfície de cor preta: a = 0,95
superfície cinza-escuro: a = 0,80
superfície cinza-claro: a = 0,65
superfície de cor branca: a = 0,45

Materiais metálicos
cobre oxidado: a = 0,80
cobre polido: a = 0,65
alumínio: a = 0,60
ferro galvanizado: a = 0,90

Quanto à umidade, deve-se inicialmente ressaltar que as mudanças higros-cópicas provocam variações dimen-sionais nos materiais porosos que integram os elementos e componentes da construção; o aumento do teor de umidade produz em geral uma expansão do material, enquanto a diminuição do teor provoca contração; caso haja vínculos que impeçam ou restrinjam essas movimentações, poderão ocorrer fis-suras nos elementos e componentes do sistema construtivo.

A umidade pode ter acesso aos materiais de construção através de:

? produção de componentes à base de ligantes hidráulicos
? umidade proveniente da execução da obra
? umidade do ar ou proveniente de fenômenos meteorológicos
? umidade do solo
? umidade decorrente da utilização do edifício.

A quantidade de água absorvida por um material de construção depende fundamentalmente de sua porosidade: um dos mecanismos importantes que regem a variação do teor de umidade dos materiais é a capilaridade; na secagem de materiais porosos, a capi-laridade provoca o aparecimento de forças de sucção, responsáveis pela condução da água até a superfície do componente, onde ela será posteriormente evaporada. Se um material poroso é exposto por tempo suficiente a condições constantes de umidade e temperatura, graças ao fenômeno da difusão, seu teor de umidade acabará estabilizando-se; atinge-se então a umidade higroscópica de equilíbrio do material. Na Tabela 3 são indicados valores da umidade higroscópica de equilíbrio para alguns materiais.

Com a absorção ou evaporação de umidade, os materiais apresentam respectivamente expansões e contrações, as chamadas movimentações reversíveis (Figura 2). Na Tabela 4 indicam-se, para alguns materiais, os valores das movimentações irreversíveis (retração de secagem por exemplo), movimentações reversíveis, coeficientes de dilatação térmica linear e módulo de deformação longitudinal.


3. Fissuras causadas pela atuação de sobrecargas


Nas alvenarias constituídas por tijolos maciços, sob ação de cargas verticais, a argamassa de assentamento, apresentando deformações transversais mais acentuadas que os tijolos, introduz nestes um estado triaxial de tensões: compressão vertical e tração nas duas direções do plano horizontal; nessas condições, a argamassa fica portanto submetida a um estado triaxial de tensões de compressão. Ultrapassada a resistência à tração dos tijolos, começam a manifestar-se fissuras verticais no corpo da parede.


No caso de alvenarias constituídas por blocos vazados, outras tensões importantes juntam-se às já citadas. Para blocos com furos retangulares dispostos horizontalmente, a argamassa de assentamento apresentará deformações axiais mais acentuadas sob as nervuras verticais do bloco, introduzindo como conseqüência solicitações de fle-xão em suas nervuras horizontais, o que poderá inclusive conduzir à ruptura do bloco.


Além da forma geométrica do componente de alvenaria, outros fatores intervêm na fissuração e na resistência final de uma parede a esforços axiais de compressão, tais como: resistência mecânica dos componentes de alvenaria e da argamassa de assentamento; módulos de deformação longitudinal e transversal dos componentes de alvenaria e da argamassa; rugosidade superficial e porosidade dos componentes de alvenaria; poder de aderência, retenção de água, elasticidade e retração da argamassa; espessura, regularidade e tipo de junta de assentamento e, finalmente, esbeltez da parede produzida.


Resumidamente, segundo diversos pesquisadores, chega-se às seguintes conclusões mais importantes sobre o comportamento das alvenarias:


a) a resistência da alvenaria é inversamente proporcional à quantidade de juntas de assentamento;

b) componentes assentados com juntas em amarração produzem alvenarias com resistência significativamente superior àquelas em que os componentes são assentados com juntas verticais aprumadas;
c) a espessura ideal da junta de assentamento situa-se em torno de l0 mm;
d) a resistência da parede não varia linearmente com a resistência do componente de alvenaria nem com a resistência da argamassa de assentamento.
0 principal fator que influi na resistência à compressão da parede é a resistência à compressão do bloco ou do tijolo; a influência da resistência da argamassa de assentamento é, ao contrário do que se poderia intuir, bastante menos significativa. Pesquisas desenvolvidas no B.R.E, tomando como referência a resistência à compressão de uma argamassa 1:3 (cimento e areia, em volume), evidenciam este fato (Figura 3).

Considerando o coeficiente de segurança gg = 5, normalmente adotado pelas diversas normas para determinação da tensão admissível da alvenaria submetida à compressão axial, a tendência internacional é estimar a resistência das alvenarias armadas e não armadas a partir da resistência à compressão de prismas, através da seguinte fórmula:

h = altura da parede,
t = espessura da parede
fm = tensão admissível à compressão
f'm = resistência média de prismas constituídos por 2 blocos (mínimo 5 ensaios), multiplicada pelo coeficiente c, função da altura (h) e da largura do bloco (d)

A introdução de uma taxa mínima de armadura na alvenaria (0,2% por exemplo) não chega a aumentar significativamente a resistência à compressão da parede; entretanto, tal armadura melhora substancialmente o comportamento da alvenaria quanto à fissuração, normalmente provocada por atuação de cargas excêntricas, ocorrência de recalques diferenciados ou concentração de tensões.

No tocante a este último fator, especial atenção deverá ser dada à presença na alvenaria de aberturas de portas e janelas, em cujos vértices ocorre acentuada concentração de tensões pela perturbação no andamento das isostáticas (Figura 4).


4. Fissuras causadas por deformabilidade excessiva de estruturas de concreto armado

Com a evolução da tecnologia do concreto armado, representada pela fabricação de aços com grande limite de elasticidade, produção de cimentos de melhor qualidade e desenvolvimento de métodos refinados de cálculo, as estruturas foram se tornando cada vez mais flexíveis, o que exige a análise mais cuidadosa das suas deformações e de suas respectivas conseqüências.
Não se têm observado, em geral, problemas graves decorrentes de deformações promovidas por solicitações de compressão (pilares), cisalhamento ou torção; a ocorrência de flechas em componentes fletidos tem causado, entretanto, repetidos e graves transtornos aos edifícios, verificando-se, em função das flechas desenvolvidas em componentes estruturais, freqüentes problemas de compressão de caixilhos, empoçamento de água em lajes de cobertura, destacamento de pisos cerâmicos e ocorrência de fissuras em paredes.

Vigas e lajes deformam-se naturalmente sob ação do peso próprio, das demais cargas permanentes e acidentais e mesmo sob efeito da retração e deformação lenta do concreto. Os componentes estruturais admitem flechas que podem não comprometer em nada sua própria estética, a estabilidade e a resistência da construção; tais flechas, entretanto, podem ser incompatíveis com a capacidade de deformação de paredes ou outros componentes que integram os edifícios.


Os códigos para projeto e execução de obras de concreto armado normalmente estipulam as flechas admissíveis de vigas e lajes em torno de:


a) "as flechas medidas a partir do plano que contém os apoios, quando atuarem todas as ações, não ultrapassarão 1/300 do vão teórico, exceto no caso de balanços para os quais não ultrapassarão 1/150 do seu comprimento teórico";

b) "o deslocamento causado pelas cargas acidentais não será superior a 1/500 do vão teórico e 1/250 do comprimento teórico dos balanços".
As alvenarias são os componentes da obra mais suscetíveis à ocorrência de fissuras pela deformação do suporte, tendo-se verificado diversos casos de fissuração mesmo com grandezas de flechas inferiores aos valores acima indicados. Deve-se frisar que o desenvolvimento das fissuras será função não só da grandeza da flecha, mas também de diversas características da alvenaria: dimensões dos blocos, tipo de junta, características do material de assentamento, dimensões e localização dos vãos inseridos na parede etc. Não existe um consenso sobre os valores admissíveis das flechas, quer para vigas ou lajes onde serão apoiadas alvenarias, quer para lajes sobre as quais serão executados pisos cerâmicos (a flexão da laje pode provocar o destacamento das placas cerâmicas).

Por sua vez, o cálculo exato das flechas que ocorrerão nos componentes estrut

urais é tarefa praticamente impossível de ser realizada devido aos inúmeros fatores intervenientes, tais como a posição exata da linha neutra após a fissuração do concreto e a variação do módulo de deformação do concreto com o passar do tempo. Na previsão da flecha de um componente fletido, é essencial contudo considerar as parcelas das flechas instantâneas (antes e após fissuração) e flechas provenientes da deformação lenta do concreto (Figura 5).

5. Fissuras causadas por recalques das fundações

Até passado recente, as fundações dos edifícios eram dimensionadas pelo critério de ruptura do solo, apresentando as construções cargas que geralmente não excediam a 500 Tf; ao mesmo tempo que as estruturas iam ganhando esbeltez, conforme enfocado no item anterior, os edifícios ganhavam maior altura, chegando em nossos dias a obras cuja carga total sobre o solo já chegou a atingir 20.000 Tf. Dentro desse quadro, é imprescindível uma mudança de atitude para o cálculo e dimensionamento das fundações dos edifícios; particularmente no caso das argilas de alta plasticidade, os recalques podem ser muito acentuados, passando em geral a ser condicionante o critério de recalques admissíveis.


A capacidade de carga e a defor-ma-bilidade dos solos não são constantes, sendo função dos seguintes fatores mais importantes:


? tipo e estado do solo (areia nos vários estados de compacidade ou argilas nos vários estados de consistência);

? disposição do lençol freático;
? intensidade da carga, tipo de fundação (direta ou profunda) e cota de apoio da fundação;
? dimensões, rigidez e formato da placa carregada (placas quadradas, retangulares, circulares);
? interferência de fundações vizinhas;
? interferência de obras vizinhas (estradas, metroviário etc.).

Os solos são constituídos basicamente por partículas sólidas, entremeadas por água, ar e não raras vezes material orgânico; sob efeito de cargas externas, todos os solos, em maior ou menor proporção, se deformam. No caso em que estas deformações sejam diferenciadas ao longo do plano das fundações de uma obra, tensões de grande intensidade serão introduzidas na estrutura, podendo gerar o aparecimento de fissuras.

Se o solo for uma argila dura ou uma areia compacta, os recalques decorrem essencialmente de deformações por mudança de forma, função da carga atuante e do módulo de deformação do solo; no caso de solos fofos e moles, os recalques provêm basicamente da sua redução de volume, pois a água presente no bulbo de tensões das fundações tenderá a percolar para regiões sujeitas a pressões menores.


Denomina-se "consolidação" ao fenômeno de mudança de volume do solo por percolação da água presente entre seus poros. Para os solos altamente permeáveis, como as areias, a consolidação e, portanto, os recalques acontecem em períodos de tempo relativamente curtos, após serem solicitados; para solos menos permeáveis, como as argilas, a consolidação é lenta, ao longo de vários anos.


Para as fundações diretas, a intensidade dos recalques dependerá não só do tipo de solo, mas também das dimensões do componente da fundação (Figura 6).


Para fundações diretas, a presença de vegetação nas proximidades da obra (retirada ou deposição de água no solo) também poderá exercer importante influência sobre os recalques.


6. Fissuras causadas por retração de produtos à base de cimento

A hidratação do cimento consiste na transformação de compostos anidros mais solúveis em compostos hidratados menos solúveis, ocorrendo na hidratação a formação de uma camada de gel em torno dos grãos dos compostos anidros. Para que ocorra a reação química completa (estequeométrica) entre a água e os compostos anidros, é necessário cerca de 22% a 32% de água, em relação à massa do cimento; uma quantidade adicional em torno de 15% a 25% é necessária para a constituição do gel. Em média, uma relação água/cimento (a/c) de aproximadamente 0,40 é suficiente para que o cimento se hidrate completamente.


Em função da trabalhabilidade


necessária, os concretos e argamassas normalmente são preparados com água em excesso, o que vem a acentuar a retração de secagem; a retração plástica (aden-sa-mento das juntas de argamassa de uma alvenaria recém-construída) tam-bém pode provocar a ocorrência de fissuras e destacamentos nas paredes.


Inúmeros fatores intervêm na retração de um produto à base de cimento, sendo os principais: tipo e composição química do cimento, natureza e granulometria dos agregados, condições de cura etc. Dos fatores interve-nien-tes, a relação a/c é sem dúvida o que mais influencia a retração de um produto constituído por cimento, sobrepujando inclusive a própria importância do consumo de cimento (Figura 7).


Os danos às paredes podem ocorrer por retração da argamassa de assentamento, da alvenaria como um todo ou da retração de componentes da estrutura, conforme figuras seguintes.


sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cobrança cumulativa do PIS/Cofins na construção será prorrogada para 2010

Governo Federal alterou medida provisória e setor da construção terá mais dois anos para se adaptar ao sistema não-cumulativo de cobrança


Rafael Frank

O Governo Federal prorrogará o prazo de cobrança cumulativa do PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) para 2010. A prorrogação foi determinada depois de diversas alterações na Medida Provisória (MP) 451/2008, aprovada em 16 de dezembro.

O texto aprovado permite que a cobrança da Cofins decorrente da execução de obras por administração, empreitada ou subempreitadas permaneça no regime cumulativo. Este seria o último mês que o setor pagaria o imposto de forma cumulativa.

"O acordo com o governo é pela prorrogação do sistema de cobrança cumulativa por dois anos. Neste período, trabalharemos numa fórmula de transição para o modelo não-cumulativo", afirmou por meio de nota à imprensa o presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Paulo Safady Simão.

Norma de Desempenho exigirá adaptações de empresas e profissionais da construção

Renato Faria

A NBR 15.575, Norma de Desempenho para edifícios habitacionais de até cinco pavimentos, entrou em vigor no último mês de maio, mas será obrigatória apenas em 2010. Até lá, todos os envolvidos no processo de construção e operação dos edifícios terão de se adaptar às exigências do novo documento. Capacitação das equipes de engenharia e arquitetura, reciclagem de projetistas e introdução do ensino do conceito de desempenho nas universidades são algumas das demandas neste novo contexto do mercado.

Para discutir os impactos da NBR 15.575 na indústria da construção nos próximos anos, representantes do setor se reuniram nesta semana em São Paulo, no 3º Seminário de Normas Técnicas, promovido pelo Secovi (Sindicato da Habitação) e pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil). Segundo o advogado Carlos Pinto Del Mar, consultor jurídico do SindusCon-SP, embora a norma não seja lei, seu descumprimento poderá implicar sanções legais para quem não a cumprir. Além disso, o texto "define as 'incumbências' de cada ator do processo, proporcionando a rastreabilidade das responsabilidades de cada um", segundo o coordenador da Norma, o engenheiro Carlos Alberto Borges.

Entenda como incorporadores, construtores, peritos, fabricantes e até consumidores deverão se posicionar neste novo cenário:


Incorporadores e construtores

 Identificar os riscos previsíveis, como a contaminação do lençol freático ou a presença de agentes agressivos no solo do terreno onde será executado o empreendimento, e alimentar os diferentes projetistas com as informações adequadas.

 Junto com os construtores e projetistas, determinar os níveis de desempenho do empreendimento, explicitando a classificação nos documentos da edificação.

 Durante a execução da obra, os construtores deverão ter mais cuidado nas compras dos materiais, respeitando sempre a especificação do projetista. Com as exigências de desempenho, pode ser arriscado trocar produtos com base apenas no menor preço do produto.

 Devem elaborar e fornecer aos proprietários um manual de operação, uso e manutenção do imóvel - ou documento similar. O texto deve estabelecer os prazos de garantia previstos pelo construtor e pelo incorporador (devem respeitar os prazos mínimos estabelecidos pela Norma de Desempenho).

 Departamentos jurídicos das empresas deverão dar maior atenção aos conceitos encontrados na Norma de Desempenho (como "vida útil", "garantia", etc.), cujas definições são novidade em normas técnicas da Construção Civil.

Projetistas

 Ocorre uma mudança na metodologia de se projetar e apresentar o projeto. Dentro de suas especialidades, os projetistas serão responsáveis pela definição da vida útil de projeto de cada um dos sistemas abordados na Norma (Estrutura, Pisos Internos, Vedação Vertical Interna, Vedação Vertical Externa, Cobertura e Sistema Hidrossanitário).

 Os profissionais deverão apresentar os projetos com informações mais detalhadas. Desejável que realizem cursos de atualização profissional para se adequarem aos requisitos da NBR 15.575.

 Estudar profundamente as características técnicas de produtos e tecnologias construtivas disponíveis e se atualizar constantemente quanto aos novos sistemas lançados no mercado. Acompanhar de perto, junto com construtores e consultores especializados, os ensaios de protótipos.

Fabricantes

 Empresas deverão realizar ensaios válidos de seus produtos para conhecer o comportamento em uso dos componentes dos sistemas construtivos.

 Desenvolver um método padronizado para a apresentação detalhada das informações sobre o desempenho de seus produtos nos catálogos, sites e outros meios de comunicação com os clientes. A metodologia da EOTA (European Organization for Technical Approvals) é indicada como referência.

 No caso das tecnologias inovadoras, providenciar ensaios e relatórios técnicos confiáveis de sistemas não contemplados por normas técnicas nacionais.


Peritos

 Atenção aos novos prazos de garantia dos componentes e sistemas da edificação. Eles variam de acordo com o nível de desempenho da construção definido pelo incorporador (M - Mínimo, I - Intermediário ou S - Superior). Se esta informação não for definida na incorporação, explica o perito Paulo Grandiski, presume-se que o empreendimento tenha nível de desempenho M.

 Se a ocorrência surgir dentro do prazo de garantia definido pela Norma de Desempenho, presume-se culpa do construtor. Caso surja fora do prazo de garantia, é do cliente o ônus da prova.


Consumidores

 Comprometer-se com a implementação de programas de manutenção corretiva e preventiva; cuidados no uso e na operação dos sistemas.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Reforço ao ensino presencial através do ambiente "MOODLE"

Atualmente, com o aperfeiçoamento dos microcomputadores e o surgimento da internet, vieram grandes avanços tecnológicos que exigem dos indivíduos a necessidade de atualizarem seus conhecimentos e a Educação à Distância (EAD), surgiu como grande parceiro, principalmente para o desenvolvimento de Softwares Educacionais. O MOODLE (Modular Object Oriented Distance Learning) é tido como um dos maiores parceiros da Educação à Distância, é um Sistema para Gerenciamento de Cursos (SGC), ou seja, “um sistema de administração de atividades educacionais destinado à criação de comunidades online em ambientes virtuais destinados a aprendizagem” (DOUGIAMAS, 2002). Esse sistema foi criado em 2001, pelo Australiano Martin Dougiamas, sendo atualmente utilizado por mais 80 países, e disponível para mais de 40 idiomas. A plataforma Moodle é baseada no paradigma de software livre, ou seja, pode ser adquirida gratuitamente e novos módulos poderão ser desenvolvidos e inseridos na plataforma.

Em termos simples, essa ferramenta dá suporte ao professor para que ele possa criar e monitorar um curso baseado em um sítio web, oferecendo também ferramentas de avaliação, de comunicação síncrona e assíncrona que visam à interação online/off-line entre alunos-aluno e alunos-tutores. Sobre esta visão, quanto mais interação houver entre o docente e o discente, por exemplo, através das atividades que estão disponíveis no Moodle, como: Fóruns de dúvidas, chats, pesquisas de opinião, proporcionarão uma maior possibilidade na melhoria do ensino. Para a participação do aluno no ambiente, o Moodle permite três níveis de participação: Administrador, Tutor e Aluno.

Como o Moodle é uma forte ferramenta virtual de aprendizagem, apresenta vários recursos para serem utilizados em um curso à distância. Podemos destacar algumas das princípais ferramentas das atividades utilizadas:

  • Fórum de discussão – considerado como ponte na construção do conhecimento entre o professor-autor e o aluno;
  • Chats ou bate-papo – atividade síncrona em que os alunos, os monitores e os professores-tutores estabelecem uma comunicação por escrito, online e permite uma maior interação entre os mesmos;
  • Glossário – permite que todos os alunos criem uma lista, sendo uma espécie de dicionário com várias definições de assuntos diversos;
  • Pesquisas de opinião – serve para fazer pesquisas de opinião rápida, para estimular a reflexão sobre um tópico;
  • Questionários – instrumento de composição de questões e de configurações de questionários;
  • Adicionar material – disponibilizar material relacionado ao curso: apostilas, livros, artigos.

Portanto, apesar de o ensino ter várias ferramentas viáveis para o seu melhoramento, é de bastante importância o uso do Moodle como reforço ao ensino presencial, pois, se mostra uma ferramenta completa para o ensino à distância.


Por: Jemylee Sá.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ensaio de granulometria da areia (agregado miúdo)

Os ensaios submetidos aos materiais de Construção Civil são importantes para o Controle Tecnológico realizado para os diversos materiais. Principalmente para garantir a qualidade e segurança das obras realizadas.

Segundo FORTES (2003) "O controle tecnológico se constitui na amostragem dos serviços que estão sendo realizados além da realização de ensaios para verificar nas diversas fases de execução, desde a seleção dos materiais, misturas ou aplicações desses materiais, e fases posteriores".

Para a determinação da granulométrica do agregado é utilizado a NBR NM 248 - Agregados - Determinação da composição granulométrica. Norma que tem o objetivo de prescrever o método para a determinação da composição granulométrica de agregados miúdos e graúdos. Nesse caso, vamos mostrar o ensaio granulométrico do agregado miúdo - AREIA.

GRANULOMETRIA AREIA

1. Definições segundo a NBR NM 248:

· Série normal e intermediária - Conjunto de peneiras sucessivas, que atendam às normas NM-ISO 3310-1 ou 2, com aberturas de malha estabelecidas na tabela 1;

· Módulo de finura - Soma das porcentagens retidas acumuladas em massa de um agregado, nas peneiras da série normal, dividida por 100;

  • Dimensão máxima característica - Grandeza associada à distribuição granulométrica do agregado, correspondente à abertura nominal, milímetros, da malha da peneira de série normal ou intermediária, qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% em massa.

2. Aparelhagem

  • Balança - com resolução de 0,1% da massa da amostra de ensaio;
  • Estufa - Capaz de manter a temperatura (105 +ou- 5 °C);
  • Peneiras - séries normal e intermediária; (ver tabela 1) abaixo:

  • Agitador mecânico de peneiras;
  • Bandejas;
  • Fundo avulso de peneira.

3. Amostragem

  • Coletar a amostra de acordo com a NM 26;
  • Formar duas amostras para o ensaio, de acordo com a NM 27;

4. Ensaio

  • Lavar as amostras na peneira de nº200 (0,075mm) para retirada dos finos;
  • Secar as amostras em estufa, deixar esfriar à temperatura ambiente e determinar suas massas (m1 e m2);
  • Limpar as peneiras, encaixando-as de modo a formar um única peneira, com abertura da malha crescente de acordo com a finalidade do ensaio;
  • Promover a agitação do conjunto de peneiras, por um tempo razoável para permitir a separação e classificação prévia dos diferentes tamanhos de grão da amostra;
  • Determinar a massa total do material retido em cada peneira e no fundo do conjunto. O somatório de todas as massas não deve diferir de 0,3% de m1;
  • Proceder o peneiramento da segunda amostra, de massa m2, de acordo com o realizado na primeira amostra, de massa m1.

5. Resultados

5.1. Cálculos

  • Para cada uma da amostras, calcular a porcentagem retida, em massa, em cada uma das peneiras, com aproximação de 0,1%;
  • As amostras devem apresenta a mesma dimensão máxima característica, e nas demais peneiras, os valores de porcentagem retida individualmente não devem diferir mais que 4% entre si;
  • Calcular as porcentagens médias, retidas e acumuladas, em cada peneira, com aproximação de 1%;
  • Determinar o módulo de finura, com aproximação de 0,01.

5.1. Relatório do ensaio

O relatório do ensaio deve conter:

  • a porcentagem média em cada peneira;
  • a porcentagem média retida acumulada em cada peneira;
  • a dimensão máxima característica e módulo de finura;
  • gráfico peneiras (mm) x porcentagem retida acumulada.

6. Referências bibliográficas

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 148: Agregado - Determinação da Composição Granulométrica. Rio de Janeiro: 2003.